RESTAURANTE SALA DESPIECE, MADRID

Está quase a terminar uma semana conturbada de viroses pelo meio e eu retomo a minha escrita.

Foi uma semana que começou lindamente, principalmente com a descoberta do restaurante "Sala Despiece" na calle de Ponzano, em Madrid. 

Um restaurante da mesma cadeia e enorme sucesso do "Patrón Lunares" em Palma de Maiorca. 

O "Sala Despiece" tem alma de bar e apela bastante ao convívio.

Súper original, com um balcão a atravessar o espaço (que não é enorme) e obriga os empregados a dividirem o seu espaço de trabalho com os clientes. 

A arquitectura de interiores do restaurante faz lembrar um talho antigo e/ou uma peixaria. 

As paredes e tecto são forrados com caixas de esferovite que servem para transportar os produtos frescos, algumas ainda preservam as etiquetas originais. 

Do tecto também nos aparecem uns ganchos, próprios dos talhos, que servem para segurar os cestos com as ementas e os talheres. 

Os talheres, como disse estão dispostos nestes cestos e são os próprios clientes que se servem deles. Não existem pratos ou travessas de loiça. 

A comida vem sempre em suportes originais de cartão e alumínio. Esta, pareceu-me toda fresquíssima e tudo o que pedimos estava óptimo! Comemos um "chuletón" que vem muito bem apresentado e que não é mais do que um bife muito fininho, quase transparente, crú (a lembrar o carpaccio) e vem com um azeite de trufa e tomate picado para temperarmos a carne, enrolamo-la e comemos assim. De seguida, comemos umas gambas vermelhas com um azeite aromatizado e picante. 

Comemos também umas navalhas ao estilo galego e um ovo estrelado com foie e azeite aromatizado, acompanhado de um pão óptimo. 

A comida é fresca, pratos de autor mas simples e originais. O serviço também me pareceu óptimo e rápido, os empregados são simpáticos, vestem uma bata branca a imitar a dos talhantes e quando entramos, apontam o nosso nome e pedidos num ipad não só para ficarem com o pedido informatizado mas para que depois, cada vez que sai um prato, chamam em voz alta o nome da pessoa de determinado pedido. 

É um restaurante totalmente despretensioso e muito boa onda. É para ir e pensar que muito provavelmente se vai comer em pé, pois são poucos os lugares sentados e para estar ali na conversa com amigos enquanto se degustam verdadeiros manjares. 

Vimos, embora não tenhamos provado, que a única sobremesa e estrela da casa, é um pudim flan, originalmente servido num frasco de vidro. Neste restaurante não existe café e a ementa, faz lembrar uma lista de produtos de armazém. 

Nós ficámos cheios de vontade de lá voltar. Só não aceitam reservas.

Na segunda-feira a Ana Moura trouxe-nos o Fado até Madrid e fomos ouvi-la ao teatro Calderon em Atocha. É uma sala antiga de teatro que estava completa. Foi a apresentação do seu novo álbum, "Desfado" e um concerto incrível - sou sempre suspeita pois adoro fado - mas nunca tinha ouvido a Ana Moura ao vivo e adorei e tenho a certeza que os espanhóis também!! Foi super aplaudida e para nós, portugueses é sempre um orgulho!!

Venham mais!!